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Silêncio… incomoda?

Uns dizem que quem cala consente, outros que um olhar vale mais que mil palavras… há ainda aquele silêncio típico do “climão”… e também o silêncio confortável da aceitação mútua e incondicional.

O silêncio informa, e a leitura correta do tipo de silêncio que está ocorrendo auxilia na melhor condução e posicionamento nas relações interpessoais.

A autora Áurea Castilho, em seu livro “A dinâmica do trabalho de grupo” lista 18 tipos de silêncio conforme o contexto de interrelação:

Silêncio Tensão: O silêncio de tensão é a expressão da ansiedade. Nos grupos o silêncio de tensão é facilmente observado, pois manifesta-se através de postura corporal que se torna tensa, da respiração que se torna ofegante, das expressões faciais, do uso excessivo do fumo, do tamborilar dos dedos, ou pelo modo inquieto que as pessoas ficam.

Silêncio de Conflito: Caracterizado pelos sentimentos de ódio, hostilidade, agressividade, oposição, de reprovação ou de medo. É um silêncio profundo e tenso.

Silêncio de Medo: Há mudança na postura física e psicológica. O silêncio do medo trás consigo muita tensão e, como conseqüência muita descarga psicossomática.

Silêncio de Dor e de Perda: Caracteriza-se pelo recolhimento ante sua própria dor ou a de terceiro. A maior expressão e força da comunicação estão no não-falar.

Silêncio de Reflexão: Aparece após uma intervenção do Facilitador, ou após um feedback, ou mesmo depois de uma experiência intensa vivida pelo grupo. Nesse tipo de silêncio, observa-se claramente a ausência de tensão, e é muito visível o recolhimento introspectivo de quem está elaborando mentalmente.

Silêncio de Amor e Paz: Caracteriza-se pela plenitude de um encontro existencial, onde palavras são desnecessárias. A comunicação é freqüentemente pelo olhar ou pelo contato físico.

Silêncio de Expectativa: Tem um misto de tensão e curiosidade, ou, melhor dizendo, de espera. É a parada para ouvir o outro. É a expectativa do que o outro tem a dizer.

Silêncio de Solidão: É um silêncio cheio de amargura, pesar e vazio. O indivíduo se refere a um sentimento de sentir-se só, abandonado à sua própria sorte.

Silêncio de Dependência Transferencial: Caracteriza-se pelo jogo da dependência. Espera-se que a autoridade, Facilitador, assuma o comando da situação.

Silêncio de Atenção: Consiste no silêncio que escuta, onde a pessoa está “toda ouvidos” para o outro.

Silêncio de Resistência e Bloqueio Emocional: É o silêncio que exprime a dificuldade, o bloqueio do indivíduo em se expressar. Ele não sabe o que dizer, como começar; não sabe sequer se tem algo a dizer.

Silêncio de Desinteresse: Caracteriza-se pelo enfado, pela perda de foco de atenção do que ocorre, pode estar camuflando uma resistência. A apatia é a manifestação mais forte que caracteriza o silêncio do desinteresse.

Silêncio de Depressão: É um silêncio pesado, expressando a depressão do grupo ou de um indicador. O indivíduo quando está em uma fase depressiva passa horas ou sessões inteiras sem falar.

Silêncio por Dificuldade de Comunicação: Provém da inibição do indivíduo que fica calado, em silêncio, embora o seu desejo seja o de falar, de se manifestar, mas a inibição o bloqueia.

Silêncio de Respeito: Ele se apresenta pela dificuldade que a pessoa tem de falar em determinadas horas. O indivíduo permanece em silêncio por não saber exatamente o que dizer. Esse silêncio se caracteriza pelo respeito ao outro.

Silêncio de Mágoa: O sentimento presente é de mágoa, de dor psicológica de perda, de decepção, da perda de confiança em alguém. É um silêncio que não se pode deixar de trabalhar, sob pena de a pessoa continuar assumindo sempre essa mesma atitude pela vida afora.

Silêncio de Adeus: Esse silêncio sempre está impregnado de muitos sentimentos ao mesmo tempo, tal como saudade, amor, ternura, medo, afeto, etc. Está relacionado com a perda definitiva ou temporária de alguém.

Silêncio de Desconfiança: As pessoas, por não se conhecerem, temem se expor, ora porque querem evitar a entrada de estranhos em seu jardim particular, ora porque, não conhecendo as pessoas, temem o seu julgamento e reações.

 

Fonte: CASTILHO, Á. A dinâmica do trabalho de grupo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1994. 79 p.


3 Respostas to “Silêncio… incomoda?”


  1. 2 Meriete
    8 de fevereiro de 2011 às 7:34 PM

    Neste exato momento estou fazendo um silencio de reflexao! Valeu, Ana!

  2. 3 neusa yong
    21 de maio de 2011 às 7:24 AM

    Boim dia achei muito especial o texto parabens, aproveito o ensejo gostaria de saber se alguem conhece ou participou de alguma dinamica de grupo sobre o silencio ou para despertar o silencio de grupo ou seja parar um pouco de falar ou falar mais baixo ou mesmo não falar. meu email(ny0@ig.com.br)obs. o numeral proximo do y é zero não a letra o.


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Sou Ana Paula Simões, pesquisadora da relação pessoa-ambiente em diversos contextos de interrelação. Postarei aqui informações, curiosidades, pesquisas e ferramentas interessantes na área. Seja bem-vindo(a)!